Será que você tem se expressado de forma clara ou apenas está transmitindo informações sem se preocupar com o outro?
John Maxwell diz que “Todos falam, poucos se comunicam.”. O escritor norte-americano é conhecido por falar sobre liderança e nos leva a refletir sobre como temos nos comunicado em sociedade. É aí que surge o conceito da comunicação não-violenta.
Afinal, muitas vezes, no corre-corre do dia a dia, não paramos para perceber o nosso jeito de nos comunicar com a gente mesmo e com o outro.
E é aí que precisamos prestar atenção. Até porque a forma de comunicar é tão importante quanto o conteúdo da comunicação em si.
Infelizmente, o senso comum nos traz a premissa de que a comunicação sempre acontece na relação com o outro, porém preciso te dizer a comunicação começa na relação com nós mesmos.
Se nos comunicarmos bem conosco, e o autoconhecimento nos ajuda muito nessa tarefa, com toda a certeza, teremos mais consciência e clareza sobre quem somos, o que queremos, o que cabe aqui dentro ou não. Assim, podermos transmitir uma mensagem clara e honesta ao outro.
Uma comunicação construída dessa forma gera infinitos ganhos que vão desde uma relação de confiança até uma conversa difícil, feita com respeito.
E onde entra a comunicação não-violenta nisso? Neste artigo, eu te explico melhor. Vamos lá?
Comunicação não-violenta: um conceito importante
Marshall Rosenberg, psicólogo norte-americano e um dos principais nomes no assunto, nos apresenta o conceito de comunicação não-violenta. Contudo, para que ele chegasse a esse conceito, foi necessário estudar e descobrir a comunicação violenta.
Rosenberg, como um bom pesquisador e apaixonado pelo tema, realizou importantes pesquisas em que constatou que uma comunicação violenta acontece quando nossas necessidades não são atendidas.
Por diversos motivos, podemos viver situações em que nossas necessidades não estão sendo atendidas e, ao invés de expressarmos isso de forma clara, escolhemos expressar de forma violenta.
“A grande massa da população não foi ensinada a expressar suas necessidades e também a entender qual é a sua necessidade”
Rosenberg
Por exemplo, você é o gerente de um departamento e tem uma equipe com oito liderados. Um dia, seu liderado entra pela porta reclamando em voz alta sobre o calor. Afinal de contas, ele trabalha em uma sala com mais quatro pessoas, sem ar condicionado. Mas ele também reclama sobre suas dores nas costas, pois a cadeira e a mesa não são ergonômicas.
Ao invés de ele expressar suas necessidades físicas de forma clara, ele escolhe falar isso reclamando e até ameaçando deixar a empresa pela sua falta de cuidado para com o bem-estar do funcionário.
Marshall Rosenberg listou algumas das principais necessidades humanas para nos ajudar a tomar consciência sobre isso e colocar em prática uma comunicação não-violenta. São elas:
Autonomia
Devemos escolher os nossos próprios sonhos, objetivos e valores, assim como escolher o próprio plano para realizar esses sonhos, objetivos e valores.
Celebração
Celebrar a criação da vida e a realização dos sonhos e celebrar a perda dos sonhos, de pessoas amadas, como, por exemplo, o luto.
Integridade
Autenticidade, criatividade, significado e amor próprio.
Interdependência
Aceitação, apreciação, proximidade, comunidade, consideração, contribuir para o enriquecimento da vida (exercer o próprio poder ao oferecer o que contribui para a vida, segurança emocional, empatia, franqueza (a franqueza empoderadora que torna possível aprender com nossas limitações), amor, tranquilização, respeito, apoio, confiança, compreensão e afeto.
Cuidados Físicos
Ar, alimento, movimento e exercícios físicos, proteção contra formas de vida ameaçadoras, como vírus, bactérias, insetos, animais, etc., descanso, expressão sexual, abrigo, toque e água.
Lazer
Diversão e riso.
Comunhão Espiritual
Beleza, harmonia, inspiração, ordem e paz.
Fonte: Rosenberg, Marshall – Vivendo a Comunicação Não Violenta. Tradução de Beatriz Medina. Rio de Janeiro: Sextante, 2019.
E quais são os tipos de comunicação violenta?
Existem várias formas de nos comunicarmos de forma violenta, desde as mais sutis até as mais explícitas.
Uma comunicação não congruente, punitiva, retalhadora, acusativa pode ser considerada violenta.
Rosenberg coloca que toda e qualquer comunicação que nos gere mal-estar, desentendimento, que mexa com a nossa autoestima de forma negativa, pode ser considerada violenta.
Como construir uma comunicação não-violenta?
Existem várias maneiras de construirmos uma comunicação não-violenta. Aqui, partiremos da definição trazida por Rosenberg.
“A comunicação não-violenta é a capacidade de se conectar genuinamente com o outro, conseguindo entender as necessidades que não estão sendo satisfeitas e se posicionar adequadamente.”
Como já comentei, atendermos as nossas necessidades é um importante caminho para uma comunicação não-violenta, bem como, estabelecer relações empáticas e incluir emoções positivas.
Marshall Rosenberg define empatia de uma forma “brilhante” e que particularmente eu adoro: “empatia é a compreensão respeitosa do que os outros estão vivendo.”
Nos colocarmos no lugar do outro e calçarmos o seu sapato é algo racional, sendo só o começo da empatia.
Começamos a mergulhar na empatia quando começamos a criar uma conexão emocional com o outro, o que não quer dizer que necessariamente sabemos porque estamos sentindo, mas sim que estamos sentindo algo junto com o outro.
Em relação às emoções, devemos nos perguntar: a partir de qual emoção queremos nos comunicar?
O que sentimos é expressado por meio da forma como nos comunicamos. Então, se partirmos de emoções positivas receberemos positividade e vice-versa, se decidirmos nos comunicar através da raiva, medo, ciúme e vergonha.
O trabalho de autoconhecimento nos ajuda muito a tomar decisões conscientes sobre como nos comunicamos.
Conclusão
Em conclusão, somos responsáveis pela nossa comunicação, independente da cultura e do contexto que estamos inseridos. Nós fazermos escolhas o tempo todo sobre como nos comunicarmos.
Diante disso, podemos dizer que uma boa comunicação é fruto de clareza, transparência, honestidade e não-violenta, tendo como base relacionamentos pautados na confiança.
Refletirmos sobre como estamos nos comunicando é um ponto chave para fazermos um bom uso dessa ferramenta incrível que temos em mãos.
Forte abraço e até o próximo post!